A 15ª edição da International Gas Union Research Conference (IGRC) acontece no Rio de Janeiro, em maio; mais de 20 pesquisadores do RCGI estarão presentes.
Avaliar as perspectivas do mercado de gás natural liquefeito no País, os impactos ambientais de projetos na área ou seu papel na promoção da eficiência energética na indústria e no transporte de carga e passageiros: estes são alguns dos temas que pesquisadores do Fapesp-Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI) irão levar para a International Gas Union Research Conference (IGRC), que acontece entre 24 e 26 de maio, no Rio de Janeiro.
Um dos mais importantes eventos técnicos da indústria do gás natural, a IGRC é uma conferência itinerante, realizada a cada três anos em um país diferente. Este ano, o encontro organizado pela International Gas Union (IGU), em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), acontece no pavilhão 5 do Rio Centro (Barra da Tijuca). O tema desta edição é “Gás Natural: catalisando o futuro”, em sintonia com as várias iniciativas de políticas energéticas em concepção no Ministério de Minas e Energia (Programa Gás para Crescer) e no Estado de São Paulo.
O evento ressalta a pesquisa científica, o desenvolvimento da tecnologia e a inovação como estratégias chaves para o futuro caminho de elevado potencial para o crescimento do uso do gás no Brasil e no mundo. A conferência irá mapear as tendências tecnológicas da indústria do gás, pilares fundamentais para o desenvolvimento do setor.
“A conferência é um grande fórum de debate, que terá participação da indústria nacional e internacional de gás. Para nós, é uma oportunidade importante, não só de publicar e expor nossos estudos, mas de fazer networking e de conhecer melhor pessoas do mundo inteiro que desenvolvem pesquisas afins àquelas em desenvolvimento no RCGI”, afirma a advogada Hirdan Katarina de Medeiros Costa. Ela coordena, no RCGI, a elaboração do primeiro repositório digital da legislação brasileira sobre gás natural (projeto 21). Além disso, é coautora de seis dos 13 artigos que as equipes do Programa de Economia e Políticas Energéticas do RCGI apresentarão na IGRC 2017.
“Acredito que a participação no evento pode ajudar a divulgar o banco de dados jurídico sobre gás natural que estamos construindo, em plataforma digital, no projeto 21 do RCGI. Sem contar que, por meio de contatos com outros pesquisadores e profissionais do ramo, podemos atualizar nosso levantamento acerca dos principais questionamentos sobre a regulação no setor de gás natural no Brasil e no mundo”, diz.
Outros cinco coordenadores de projetos do RCGI estarão na conferência do Rio de Janeiro: os professores e pesquisadores Edmilson Moutinho, Ricardo Esparta, Osvaldo Lucon e Alberto Fossa, do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE/USP); e o professor Luís Antônio Bittar Venturi, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH).
Entre as instituições participantes do evento estão o Gas Technology Institute (EUA), a Appliance Company Panasonic Corporation e a Tokyo Gas Co. (Japão), a National Iranian Gas Company (Irã), a Fachverband Biogas (Alemanha), além das brasileiras EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e COPPE/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Apresentações – Seis dos 13 artigos do Programa de Economia e Políticas Energéticas do RCGI aprovados para o evento serão apresentados oralmente por um de seus autores, e os outros serão expostos em forma de pôster. Na avaliação de Edmilson Moutinho, a participação de tantos pesquisadores do RCGI na conferência confirma e enfatiza a importância da P&D como condição necessária para que o gás venha a ocupar um papel de destaque na matriz energética mundial, brasileira e do Estado de São Paulo, como previsto em cenários de longo prazo explorados e propostos pela equipe do Projeto 23 do RCGI.
[custom_blockquote style=”green”] “Os artigos produzidos por nossas equipes de pesquisa trazem reflexões relevantes para as políticas energéticas e o desenvolvimento do mercado do gás no Brasil e no mundo”, ressalta. De acordo com ele, o Brasil tem uma oportunidade nas mãos, com o aumento da produção doméstica, após as grandes descobertas offshore do pré-sal. “Mas precisamos encontrar usos inovadores para o gás no mercado doméstico. Creio que o uso mais intenso e inovador permitirá ao país avançar em seus padrões de competitividade industrial, bem como em termos de sustentabilidade energética e ambiental.” [/custom_blockquote]
Segundo Ricardo Esparta, um dos coordenadores do projeto 23 do RCGI, o principal desafio a ser debatido é qual será o papel do gás natural na redução das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. “Ainda há muitas dúvidas sobre esse papel, já que os impactos ambientais globais do gás somente podem ser avaliados dentro de uma perspectiva integrada e conhecendo as interações do gás com os demais energéticos do mix nacional e regional. Essa leitura sistêmica requer o desenvolvimento de modelos de longo prazo, propostos em nosso Projeto 23, bem como amplas trocas de informações com outros pesquisadores.” Pesquisadores do projeto 23, que simula e modela os cenários de emissões relativas ao gás natural, estarão na conferência.
Para Thiago Brito, coautor do artigo “GHG mitigation due to the introduction of CNG and Energy Efficiency Measures in cargo transportation in Brazil”, a participação em massa dos integrantes do RCGI no IGRC 2017 é vital, por dois motivos. “Primeiro, para nos firmarmos como um centro de referência para o estudo do gás natural dentro da USP e perante os representantes da indústria internacional. Potenciais novos parceiros saberão a quem buscar quando precisarem do embasamento científico para suas atividades e nos reconhecerão em outros congressos.
O segundo motivo é a possibilidade de contato mais próximo com a realidade dos atores desta indústria. Trata-se de um esforço material e efetivo de maior aproximação universidade/empresas. Relações com a indústria são fundamentais em todos os segmentos de ciências aplicadas. Permite-se aos pesquisadores acesso a dados, bem como uma certa validação das análises e modelos. Com base em experiência própria, percebi que grupos empresariais sérios e com visão estratégica e tecnológica sempre recebem muito bem e respeitam as posições de representantes acadêmicos.”
O artigo citado, que será apresentado oralmente por Brito, é fruto do Projeto 25 do RCGI e aborda de que maneira medidas de eficiência energética, juntamente com o uso mais intenso do GNV, podem contribuir para a redução do consumo energético e de emissões de CO2 em veículos de carga.